quinta-feira, março 22, 2007

Homenagem e Biografia - Tim Burton





No próximo Festival de Veneza, um dos grandes diretores do cinema contemporâneo será premiado pelo conjunto de sua obra. E ele pertence aquele seleto grupo de cineastas que não precisam fazer mais nada, muito menos provar nada para ninguém.

Eis aqui a biografia deste singular diretor.


Tim Burton
20/07/2005
por:
Soraia Yoshida Evans
Fonte: www.omelete.com.br

Tim Burton faz parte da turma dos esquisitos de Hollywood, a mesma da qual pertence o diretor Steven Sordenberg. Estranho, metido quase sempre em roupas pretas, Tim Burton começou sua carreira trabalhando - pasmem! - nos Estúdios Disney. Talentoso, ele vinha do California Institute of Arts e queria trabalhar com animação. Ganhou uma bolsa e também a confiança da Disney a ponto de realizar dois trabalhos pessoais: Vincent (82), um tributo ao veterano dos filmes de horror Vincent Price, e Frankenweenie (84), uma divertida animação gótica. Essa predileção pelo sinistro iria se manifestar mais tarde em toda a sua obra, com um toque original que nem seus críticos mais ferrenhos conseguem negar.

Basta lembrar do seu primeiro filme, Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice, 88). O Début mostra uma Winona Ryder à la The Cure vivendo numa casa assombrada por fantasmas, entre eles o próprio besouro suco do título, interpretado por Michael Keaton. A partir daí também fica evidente outra característica importante do diretor: sua predileção por trabalhar com amigos. A química entre Burton e Keaton deu tão certo que ele usou todo o seu poder de persuasão para emplacar o ator em seu mega-super-sucesso: Batman.

Longe do seriado camp que ainda povoava a cabeça dos antigos fãs do Homem-Morcego, Burton foi buscar elementos na releitura dos quadrinhos, fazendo surgir na tela um personagem soturno, vingativo e paranóico. Se alguns fãs detestaram, o públicou adorou: nunca Gotham City havia sido tão assustadora... Por isso, o diretor retomou a tarefa três anos depois, em Batman Returns (92).

E ele não ficou desocupado entre os dois capítulos do Cavaleiro das Trevas. Ao contrário, depois do estouro de Batman, Burton se libertou das últimas amarras dos estúdios e criou a fábula moderna Edward Mãos de Tesoura. Colocando o então galã Johnny Depp como uma criatura surgida pela mente de um cientista maluco, ele realizou dois sonhos antigos: fazer sua homenagem ao mito de Frankenstein e ter no elenco o ator Vincent Price.


As homenagens não pararam aí. Em 1994, Tim Burton levou a cabo seu projeto mais ambicioso: um filme sobre a vida do pior diretor de todos os tempos, Ed Wood. Quem ele chamaria para o papel principal: Sim, Johnny Depp, novamente. Mais do que aconteceu com Keaton, a dobradinha funcionou na tela, e deu a Depp a chance de mostrar que era um ator versátil (talentoso todo mundo sabia que ele era...). De quebra, o diretor faria uma nova homenagem a outro ídolo das antigas, Bela Lugosi, o mais famoso Drácula do cinema mudo.

Ed Wood misturava o cinema branco-e-preto com as histórias e personagens bizarros do Wood original, que não tinha qualquer pudor (seu orçamento também não permitia...) em colocar discos voadores de papelão presos em barbante balançando diante da câmera...
Quem acompanhasse de perto a carreira de Burton podia ver os sinais da próxima guinada. Dos filmes de terror, ele partiu para a ficção barata. Marte Ataca! nada mais é do que uma historinha de gibi feita com grandes efeitos especiais e situações insólitas - a especialidade de Burton. O filme naufragou nas bilheterias americanas e abalou a confiança do diretor. Durante três anos seu nome aparecia sempre em fofocas sobre projetos estranhos, mas nada aconteceu até que ele decidiu retomar o caminho com A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (mais Johnny Depp, agora como um Sherlock Holmes meio assustado e apaixonado por Christina Ricci, ex-Vandinha da Família Adams). O filme mistura a agilidade dos desenhos animados com uma das lendas mais conhecidas dos Estados Unidos - o que evidencia o desejo sempre aparente de Burton de mexer com a aparente normalidade americana.

Para garantir que vários projetos saíssem do papel, Mr. Darkman teve a coragem de bancar o produtor em vários trabalhos. Usou o dinheirão ganho em blockbusters para financiar verdadeiras delícias, como o desenho animado O Estranho Mundo de Jack (Nightmare Before Christmas, 93), um musical em que os monstrinhos do Dia das Bruxas resolvem tomar conta do Natal. (A trilha é assinada por Danny Elfman, outro colaborador das antigas, que aparece em praticamente todos os filmes de Burton. Se não conhece, basta lembrar do tema de Os Simpsons e fica tudo explicado.)


Nos anos seguintes, Burton deu uma escorregada no Planeta dos Macacos (2001), seu filme mais destoante, mas voltou a acertar com Peixe grande (2004) e, agora, com o excelente A fantástica Fábrica de chocolate (2005). Ninguém sabe onde tamanho prestígio pode levá-lo a partir daqui, mas dá pra imaginar que será algum desafio que deve misturar o estranho, o bizarro... acredite, se quiser.

Vale lembrar ainda que depois de tal artigo, Tim Burton ainda realizou o excelente Noiva Cadáver, mais uma vez com Depp e Helena Bohan Carter, que trabalhou também no inigualável Peixe Grande e A Fantástica Fábrica de Chocolate. O filme segue o mesmo processo de O Estranho Mundo de Jack, todo gravado em stop-motion.

Atualmente, Burton está trabalhando em um novo projeto com sua outra cara-metade cinematográfica, o Sr. Johnny Depp, o longa Sweeney Todd, que teve as filmagens interrompidas, uma vez que Depp teve que se ausentar para de sua filha que encontra-se doente.

Mas alguém tem dúvida que seremos presenteados com outra obra de arte?